domingo, março 10, 2013

A Vontade de Deus

A vontade de Deus aqui se usa para abarcar o seguinte: (1) A faculdade de Deus auto-determinar-se e escolher. (2) A preferência inerente de Deus. (3) O propósito e plano de Deus.
I. QUALIDADES DA VONTADE DE DEUS
1. LIBERDADE.
Liberdade da vontade, quer de Deus, anjos ou homens, significa que a vontade não está constrangida por qualquer coisa fora da natureza do ser que a possui. Mas não quer dizer que a vontade pode agir independente do ou contrário ao caráter desse ser. Na operação da vontade temos simplesmente um ser moral preferindo, escolhendo e determinando cursos de ação em vista de motivos. Os motivos influenciam, mas não constrangem a vontade. A energia relativa dos motivos é determinada pelo caráter. A vontade jamais está sujeita ao capricho ou à arbitrariedade.
2. FORÇA.
Falamos de alguns homens a quem falta força de vontade. Por isto queremos significar que lhes falta a força de vontade para quererem o que deveriam querer. Isto resulta da perversidade do caráter ou da natureza do homem através do pecado. Mas não há falta de força em Deus para querer o que Ele deveria querer. O Seu caráter é perfeitamente santo. Conseqüentemente, Deus sempre quer aquilo que é perfeitamente santo, justo e bom.
II. FASES DA VONTADE DE DEUS
1. VONTADE OU PROPÓSITO DE Deus.
Deus propôs ou decretou tudo que se tem passado e tudo que ainda terá de passar. Salmos 135:6; Isaías 46:10; Daniel. 4:35; Atos 2:23; 4:27,28; 13:48; Romanos 8:29,30; 9:15-18; Efésios 1:11. Estas passagens mostram que Deus é um soberano absoluto ao dirigir todos os negócios deste mundo e ao distribuir a graça salvadora. Sua vontade de propósito inclui tanto o mal como o bem, tanto o pecado como a justiça e é sempre executada perfeitamente. Mas são necessárias as seguintes subdivisões da vontade e do propósito de Deus.
(1). O Propósito Positivo de Deus.
Deus é a causa ativa e positiva de todo o bem. Tudo que é bom é o resultado da operação eficiente do poder de Deus, quer diretamente ou por meio de Suas criaturas. É a esta subdivisão da vontade e do propósito de Deus que se aplica Filipenses 2:13, que nos diz: "É Deus que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade".
(2). O Propósito Permissivo de Deus.
Deus não é a causa do mal; mas, por razões justas, santas e sábias, só por Ele inteiramente conhecidas, Ele decretou permitir aquele mal que vem a acontecer, dominando-o para Sua própria glória. É à vontade permissiva de Deus que se refere a Escritura, quando diz: "seguramente a ira do homem Te louvará e o remanescente da ira Tu o restringirás" (Salmos 76:10). Esta passagem frisa que Deus restringe os homens de fazerem mais pecados do que Ele se apraz dominar para Sua glória; portanto, Ele lhes permite cometerem tal pecado como o que cometem. Ele podia guardar os homens de todo o pecado tão facilmente como Ele os detém no lugar apontado. Não podemos dar razão porque Deus permite o pecado que satisfará a mente carnal, mas o fato que Ele o faz é abundantemente claro; e, desde que Deus sempre faz o bem, sabemos que é direito para Ele permitir semelhante pecado como o que se vem a passar.
Em Atos 2:23 e 4:27,28 temos uma clara afirmação que a crucificação de Cristo foi parte da vontade propositante ou decretante de Deus. Mas sabemos que Deus não fez os crucificadores fazerem eficientemente o que eles fizeram, que tal tornaria Deus responsável pela morte de Cristo: Deus meramente retirou o Seu poder restritivo e permitiu aos crucificadores proceder segundo os seus próprios desejos maus. Isso é tudo que Deus tem a fazer para alcançar o perpetramento de qualquer pecado que lhe apraz dominar para Sua glória. O homem cometerá qualquer pecado que Deus lhe permitir cometer.
O endurecimento do coração de Faraó, segundo Êxodo pormenoriza, e fazer vasos para desonra (Romanos 9:31) são para ser entendidos como vindos sob o propósito permissivo de Deus.
As seguintes citações podem ajudar a exemplificar a relação de Deus com o pecado. "Que o pecado procede dos homens mesmos; que, pecando, eles realizam esta ou aquela ação, é de Deus, que divide as trevas segundo o Seu prazer" (Agostinho). "Deus não é a força causadora, mas a força dirigente nos pecados do homem. Os homens estão em rebelião contra Deus, mas não estão fora de sob o Seu controle. Os decretos de Deus não são a causa necessitante dos pecados do homem, mas os limites e as diretrizes predeterminados e prescritos aos atos pecaminosos dos homens" (C. D. Cole, Baptist Examiner, March. 1, 1932). "Os desejos do pecado são os desejos do homem; o homem é culpado; o homem é para ser acusado, mas o Deus onisciente impede esses desejos de produzirem ações indiscriminadamente, Ele compele esses desejos a tomarem um certo curso divinamente estreitado. As enchentes da iniqüidade são do coração dos homens, mas não lhes é concedido cobrirem a terra: são trancadas pelo apontamento soberano de Deus no Seu canal e assim são os homens desapercebidamente contidos em represas, de modo que nem um jota do propósito de Deus cairá. Ele traz as torrentes dos ímpios ao canal de Sua providência a moverem o moinho do Seu propósito" (P. W. Hedward).
2. A VONTADE DE PRECEITO DE DEUS.
Faz-se clara distinção em Deuteronômio 29:29 entre a vontade de propósito de Deus e Sua vontade de preceito. Diz esta passagem: "As coisas secretas pertencem a Jeová nosso Deus, mas as que estão reveladas pertencem-nos e aos nossos filhos, para que façamos todas as palavras desta Lei". "As coisas secretas" têm referência à vontade decretante de Deus ou Sua vontade de propósito". "As coisas que estão reveladas" têm referência à vontade preceptiva de Deus ou Sua vontade de mando.
A vontade preceptiva de Deus difere da Sua vontade de propósito em esta abarcar tanto o mal como o bem, ao passo que a vontade preceptiva abarca só aquilo que é bom em si mesmo. Uma outra diferença entre estas duas fases da vontade de Deus está no fato que a vontade propositiva de Deus é executada sempre, enquanto que a sua vontade preceptiva se cumpre muito imperfeitamente na terra. A vontade preceptiva de Deus fixa a responsabilidade do homem; a propositiva nada tem a ver com essa responsabilidade.
3. VONTADE PRAZENTEIRA DE DEUS.
A referência aqui é ao prazer e desprazer nas coisas em si mesmas consideradas em contraste com coisas consideradas como um todo. Considerado em si mesmo, Deus nunca se agradou do pecado. Considerada em si mesma, Deus está sempre agradado com a verdadeira justiça; mas, em vista de coisas como um todo, Ele não decretou que todos os homens virão à justiça.
Não suponha ninguém que aqui se quis dizer que Deus teria algumas coisas a acontecer que Ele não pode fazer que aconteçam; ou que Ele impediria que acontecessem algumas coisas que Ele não pode impedir. Deus sempre executa o que Ele quer executar, mas, ao fazê-lo, Ele usa aquilo que em Si mesmo não é uma coisa agradável a Ele. Tal como um pai, tomando gosto no devido treino de um filho, muitas vezes castiga o filho, não obstante o fato que o castigo em si mesmo não proporciona prazer ao pai.
O prazer de Deus em coisas como um todo sempre se realiza. "O nosso Deus está nos céus; Ele fez tudo o que Lhe aprouve" (Salmos 115:3). "O que quer que a Jeová agradou, isso Ele fez, no céu e na terra, nos mares e em todos os abismos" (Salmos 135:6). "Declarando o fim desde o princípio e desde os velhos tempos as coisas ainda não feitas; dizendo: O meu conselho ficará firme e farei toda a minha vontade" (Isaías 46:10).
É na base da fase da vontade de Deus agora sob consideração que Ezequiel 33:11 se explica e se entende (Talvez devamos entender 2 Pedro 3:9 da mesma maneira, mas não 1 Timóteo 2:4. Vide a Versão Revista de 2 Pedro 3:9 e exposição em "An Americam Commentary on the New Testament". Em 1 Timóteo 2:4 "todos" alude a todas as classes. Vide exposição do v. 6 no capítulo sobre expiação). Contudo, a morte aqui mencionada não é a morte espiritual, mas a morte física no assédio babilônico; mas a relação da declaração com a vontade de Deus é a mesma. Em si mesmo considerada, a ruína dos israelitas no sitio babilônico não foi coisa agradável a Deus; mas, considerada em conexão com as coisas como um todo, Deus decretará permitir a morte de muitos deles.
A salvação dos homens é em si mesma coisa agradável a Deus como se evidencia pelo Seu mandamento que todos os homens se arrependam (Atos 17:30); mas Deus não decretou ou propôs que todos se salvassem.

Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

sexta-feira, março 08, 2013

A Natureza e Atributos de Deus

Estamos preparados agora a descobrir pelas Escrituras o modo do ser de Deus.
I. A NATUREZA DE DEUS
Duas expressões bastarão para indicarem a natureza de Deus.
1. DEUS É UM ESPÍRITO.
Temos estas palavras exatas da boca de Jesus em João 4:24. Este estatuído significa que Deus é puro, inteiro e unicamente um espírito. Um espírito pode habitar um corpo, mas um espírito puro não tem e não habita um corpo; pois Jesus disse outra vez depois da ressurreição: "Um espírito não tem carne e ossos como vós vedes que eu tenho" (Lucas 24:39). Conseqüentemente, nunca se diz de o homem ser um espírito enquanto habita o corpo. Diz-se que ele possui um espírito, mas, quando sua natureza mista se descreve, diz-se ser ele uma "alma vivente" (Gênesis 2:7; 1 Coríntios 15:45) antes que um espírito.
Também sabemos que Deus é um espírito puro, não possuindo ou habitando um corpo, por causa da Sua invisibilidade (Colossenses 1:15; 1 Timóteo 1:17; Hebreus 11:27) e por causa de Sua onipresença.
Isto nos traz a considerarmos aquelas passagens da Escritura que atribuem a Deus partes corporais tais como olhos e ouvidos, mãos e pés. Em vista do que já se disse, claro é que estas passagens se tomem num sentido figurado e simbólico. Semelhantes representações são conhecidas teologicamente como antropomorfismos.
Robert Young, autor de "Analytical Concordance to the Biblie", diz: "Sentimentos, ações e partes humanas se atribuem a Deus, não que elas estejam realmente n?Ele, mas porque tais efeitos procedem d?Ele como iguais àqueles que fluem de tais coisas nos homens".
Doutro lado, há outras passagens que são explicadas por A. H. Strong como segue: "Quando de Deus se diz como aparecendo aos patriarcas e andando com eles, as passagens são para ser explicadas como se referindo a manifestações temporárias dEle mesmo em forma humana, manifestações que prefiguram o tabernáculo final do Filho de Deus em carne humana" (Systematic Theology, pág. 120).
A personalidade de Deus está envolvida na Sua espiritualidade e portanto não é tratada como uma característica separada.
2. DEUS É UM.
Por este estatuído pensamos afirmar Sua unidade em toda a plenitude desse termo. Queremos dizer que há um só Deus e também queremos dizer que a Sua essência é homogênea, individida e indivisível.
Que há um só Deus, está ensinado em Deuteronômio 6:4; Isaías 44:6; João 17:3; I Coríntios 8:4; I Timóteo 1:17; 2:5. E é irracional, ainda mais, assumir a existência de uma pluralidade de deuses, quando um só explica todos os fatos. Também as passagens que representam Deus como infinito e perfeito (Cf. Salmos 145:3; Jó 11:7-9; Mateus 5:47-48) e provas indiretas de Sua unidade; porquanto infinidade e perfeição absolutas são possíveis a um só. Dois seres semelhantes não podiam existir, pois um limitaria o outro.
Que a essência de Deus é homogênea, individida e indivisível, é uma inferência necessária do fato que Deus é um espírito puro. Tudo quanto sabemos do espírito nos compele a crer que sua essência é simples e não composta.
J. P. Boyce dá as três seguintes razões para afirmar-se a unidade de Deus no sentido em que a estamos agora discutindo:
"1. Porque a composição (ou um por junto) envolve a possibilidade de separação, o que envolveria a destrutibilidade e mutabilidade, cada qual inconsistente com a perfeição absoluta e a existência necessária.
"2. A composição envolve um tempo de existência separada das partes componentes". Isto necessitaria de um tempo em que as partes existiram separadamente e, portanto, de um tempo em que Deus não existiu, ou "quando Ele existiu imperfeitamente, não tendo ainda recebido para Sua natureza essencial as adições feitas subseqüentemente, o que tudo é inconsistente com a perfeição absoluta e a essência necessária.
"3. Se as partes foram compostas, foram feitas por alguma força de fora, ou tem sido um crescimento em Sua natureza". E ambas essas idéias são inconsistentes com a perfeição absoluta e a existência necessária.
Todavia, a unidade de Deus não impede Sua trindade e Sua trindade não está de modo algum em discrepância com a Sua unidade. A trindade, como veremos mais claramente depois, consiste de três distinções eternas no mesmo ser e na mesma pura essência, distinções que nos são apresentadas sob a figura de pessoas.
II. OS ATRIBUTOS DE DEUS
"O termo "atributo", diz J. M. Pendleton, "na sua aplicação a pessoa ou coisas, significa algo pertencente a pessoas ou coisas. Os atributos de uma coisa são tão essenciais a ela que sem eles ela não podia ser o que é; o que é igualmente verdade dos atributos de uma pessoa. Se um homem fosse despido dos atributos que lhe pertencem, ele cessaria de ser um homem, pois esses atributos são inerentes naquilo que o constitui um ser humano. Se transferirmos estas idéias a Deus, acharemos que os Seus atributos lhe pertencem inalienávelmente e, portanto, o que Ele é deve ter sido sempre. Os seus atributos são suas perfeições, inseparáveis de Sua natureza e constituindo o Seu caráter" (Christian Doctrines, pág. 42).
J. P. Boyce diz: "Os atributos de Deus são aquelas particularidades que marcam ou definem o modo de Sua existência, ou que constituem o Seu caráter. Não são separados ou separáveis de Sua essência ou natureza e contudo não são essa essência, mas simplesmente fundamento ou causa de sua existência nela, e são ao mesmo tempo as particularidades que constituem o modo e o caráter do Seu ser" (Abstract of Systematic Theology, pág. 65).
"Os atributos de Deus", segundo definição de A. H. Strong "são aqueles característicos distinguintes da natureza divina inseparáveis da idéia de Deus e que constituem a base e o fundamento para Suas várias manifestações às Suas criaturas. Chamamo-los atributos, porque somos compelidos atribuí-los a Deus como qualidades ou poderes fundamentais do Seu ser, para podermos dar conta racional de certos fatos constantes nas auto-revelação de Deus" (Systematic Theology, pág. 115).
É comum dividir-se os atributos de Deus em duas classes. Isto ajuda tanto à memória como ao entendimento. A estas divisões deram-se vários pares de nomes, tais como comunicável e incomunicável; imanente e transiente; positivo e negativo; natural e moral; absoluto e relativo. Estas duas últimas classificações foram adotadas nestes estudos.
1. ATRIBUTOS ABSOLUTOS.
Os atributos absolutos de Deus são aqueles que dizem respeito ao Seu Ser independente de Sua aliança com qualquer outra coisa.
(1) Auto-existência.
O ser de Deus é inderivado. Sua existência é auto-causada. Sua existência é independente de tudo o mais. A auto-existência de Deus está implicada em o nome "Jeová", que quer dizer "o existente" e também na expressão "Eu sou o que sou" (Êxodo 3:14), que significa que SER é a natureza de Deus.
A eternidade de Deus, que figura na segunda classe de atributos, também implica sua auto-existência. Se Deus existiu para sempre, então Sua existência é uma auto-existência necessária, inderivada, autocausada. Auto-existência é um mistério que é incompreensível ao homem; todavia, uma negação dela envolveria a nós outros num maior mistério. Se não existe no universo alguma pessoa auto-existente, então a ordem presente de coisas veio a existir do nada, sem causa ou criador. Elas não podiam ter sido o produto de mera energia, porquanto a energia é a propriedade tanto da matéria como da vida. E desde que a ciência provou que a matéria não é eterna, cabe-nos assumir uma pessoa eterna e portanto auto-existente como explicação da presente ordem de coisas.
(2) Imutabilidade.
Notai as seguintes afirmações:
"Por imutabilidade definimos a Deus como imutável na Sua natureza e nos Seus propósitos" (E. Y. Mullins, The Christian Religion in its Doctrinal Expression, págs. 223, 224).
"Por imutabilidade de Deus defini-se que Ele é incapaz de mudar, tanto na duração da vida, como em a natureza, no caráter, na vontade ou felicidade. Em nenhuma destas, nem em nenhum outro respeito, há qualquer possibilidade de mudança" (J. P. Boyce, Abstract of Systematic Theology, pág. 73).
A imutabilidade está implicada em infinidade e perfeição. Qualquer mudança, quer para melhor, quer para pior, implica imperfeição e finidade tanto antes como depois.
As principais passagens que ensinam a imutabilidade geral de Deus são Salmos 102:27; Malaquias 3:6; Tiago 1:17.
As seguintes passagens ensinam especificamente a imutabilidade da vontade de Deus: Números 23:19; I Samuel 15:29; Jó 23:13; Salmos 33:11; Provérbios 19:21; Isaías 46:10; Hebreus 6:17.
As passagens precedentes dão-nos declarações positivas e absolutas. Todas as passagens que representam Deus como se arrependendo, tais como Gênesis 6:6,7; Êxodo 32:14; I Samuel 15:11; Salmos 106:45; Amos 7:3; Jonas 3:10 e as que de qualquer maneira parecem implicar ou sugerir qualquer mudança nos propósitos de Deus, devem ser explicadas à luz delas. Estas últimas contêm antropomorfismos.
Ao comentar Êxodo 32:14, diz A. W. Pink: "Estas palavras não querem dizer que Deus mudou de mente ou alterou Seu propósito, porque Ele é "sem variação ou sombra de mudança" (Tiago 1:17). Nunca houve e nunca haverá a menor ocasião de o Todo-Poderoso efetuar o mais leve desvio do Seu eterno propósito, pois tudo foi a Ele pré-conhecido desde o principio e todos os Seus conselhos foram ordenados por infinita sabedoria. Quando a Escritura fala de Deus arrepender-se, ela emprega uma figura de retórica em que o Altíssimo condescende em falar na nossa linguagem. O que se intenta pela expressão acima é que Jeová respondeu a oração de um mediador típico.
E, sobre tais passagens, diz J. P. Boyce; "Pode ser asseverado que estas são meramente antropomórficas, visando simplesmente a inculcar sobre os homens Sua grande ira pelo pecado e Sua ardente aprovação do arrependimento daqueles que tinham pecado contra Ele. A mudança de conduta no homens, não em Deus, mudará a relação entre eles e Deus. O pecado os fizera suscetíveis do Seu justo desprazer. O arrependimento os trouxera para dentro das possibilidades de Sua misericórdia. Não os tivesse Ele tratado diferentemente, então teria havido uma mudança n?Ele. Sua própria imutabilidade fá-lo necessário que Ele trate diferentemente os que são inocentes e os que são culpados, os que se endurecem contra Ele e os que se viram para Ele por misericórdia com corações arrependidos" (Abstract of Systematic Theology, pág. 76).
Devemos do mesmo modo entender todas as alusões que parece indicarem uma sucessão de emoções em Deus. Todas as emoções em Deus existem lado a lado uma da outra no mesmo momento e assim tem sido desde toda a eternidade. Ele se tem sempre agradado da justiça e desagradado do pecado. E desde toda a eternidade conheceu toda a justiça e todo o pecado. O pecado expõe o homem ao desprazer de Deus. A justiça o sujeita ao prazer de Deus. A passagem do desprazer ao prazer de Deus efetua-se por uma mudança no homem e não em Deus. O sol derrete a cera, mas, se a cera pudesse ser mudada em barro, o sol a endureceria. Representaria isso qualquer mudança que fosse no sol?
A oração não muda Deus: ela muda-nos e as coisas e as circunstâncias com que temos de tratar; mas não muda Deus. Jamais teremos a justa atitude para com Deus enquanto pensarmos que a oração é um meio de alcançarmos de Deus o que Ele não intentou fazer. Muito longe de a oração mudar a vontade de Deus, devemos orar segundo Sua vontade, se esperarmos obter uma resposta. Diz-nos João: "Esta é a confiança que temos nEle, que se pedirmos qualquer coisa segundo Sua vontade, Ele nos ouve" (I João 5:14). É o Espírito Santo que nos faz orar (Romanos 8:15; Gálatas 4:6), e é ao Espírito Santo que devêramos procurar por direção nas coisas que pedimos (Romanos 8:26). A oração, então, é a obra de Deus em nossos corações preparando-nos para o uso mais proveitoso e o desfruto mais grato de Suas bênçãos. É a Sua própria chave com que Ele destranca os diques do rio de Suas bênçãos. Nos sábios conselhos de Deus, antes da fundação do mundo, Ele ordenou a oração como um dos meios de execução da Sua vontade. A oração não muda Deus mais do que a fé do pecador arrependido muda Deus. Um e outro são simplesmente meios na realização do propósito eterno e imutável de Deus.
(3). Santidade.
A santidade de Deus é sua perfeita excelência moral e espiritual. Deus é perfeitamente puro, impoluto e justo em Si mesmo. Santidade é o fundamento de todos os outros atributos morais em Deus. A santidade de Deus tipificou-se nas vestes imaculadas do Sumo Sacerdote quando ele entrou nos Santo dos santo.
Diz R. A. Torrey: "O sistema inteiro mosaico de lavagens; divisões do tabernáculo; divisões do povo em israelitas comuns, levitas, sacerdotes e sumos sacerdotes, a quem se permitiam diferentes graus de aproximação a Deus, sob condições rigorosamente definidas; o insistir sobre sacrifícios como meios necessários de aproximação a Deus; as direções de Deus a Moisés em Êxodo 3:5, a Josué em Josué 5:15, o castigo de Usias em 2 Crônicas 26:16-26, as ordens rigorosas a Israel sobre aproximarem-se do Sinai quando Moisés falava com Deus - tudo visou a ensinar, acentuar e ferretear nas mentes e corações dos israelitas a verdade fundamental que Deus é santo, irrepreensivelmente santo. A verdade que Deus é santo é a verdade fundamental da Bíblia, do Velho e do Novo Testamento, da religião judaica e cristã" (What The Bible Teaches, pág. 37).
As seguintes passagens da Escritura são as principais a declararem a santidade de Deus: Josué 24:19; Salmos 22:3; 99:9; Isaías 5:16; 6:3; João 17:11; 1 Pedro 1:15,16.
A santidade de Deus fá-Lo aborrecer o pecado e, portanto, provoca Sua justiça, a qual consideraremos sob os atributos relativos.
2. ATRIBUTOS RELATIVOS.
Os atributos relativos de Deus são os que se vêem por causa da conexão de Deus com o tempo e a criação.
(1) Eternidade.
Isto quer dizer que Deus não teve princípio e que Ele não pode ter fim. Quer dizer também que Ele de modo algum está limitado ou condicionado pelo tempo. A. H. Strong diz: "Deus não está no tempo. Mais correto é dizer que o tempo está em Deus. Conquanto haja sucessão lógica nos pensamentos de Deus, não há sucessão cronológica" (Systematic Theology, pág. 130).
Deus vê os eventos como tendo lugar no tempo, mas desde toda a eternidade esses eventos têm sido os mesmos para Ele como depois que aconteceram. A eternidade tem sido descrita como segue: "A eternidade não é, como os homens crêem, antes e depois de nós, uma linha sem fim. Não, é um circulo, infinitamente grande, toda a circunferência com a criação aglomerada; Deus reside no centro, contemplando tudo. E, ao passo que nos movemos nesta eterna volta, a porção finita que só vemos, atrás de nós está o passado; o que nos fica adiante chamamos futuro; mas para Ele que reside no centro, igualmente afastado de todo o ponto da circunferência, ambos são iguais, futuro e passado" (Murphy, Scientific Basis, pág. 90).
(2) Onipresença.
Por onipresença de Deus quer dizer-se que Deus está presente no mesmo momento em toda a Sua criação.
A onipresença de Deus está bela e incisivamente declarada no Salmos 139:7-10 e em Jeremias 23:23,24.
Aquelas passagens que falam de Deus como estando presente em lugares especiais são para se entenderem como referindo-se a manifestações especiais e transcendentais de Deus. Assim se fala de Deus como uma habitação no céu, porque é lá que Ele faz a maior manifestação de Sua presença.
(3) Onisciência.
Desde toda a eternidade Deus possuiu todo o conhecimento e sabedoria. João declara que Deus "conhece todas as coisas" (1 João 3:20). A onisciência de Deus pode ser argüida de Sua infinitude. Em toda a parte da Escritura Ele está retratado como um ser infinito. Assim Seu conhecimento deve ser infinito. A onisciência pode ser também argüida da imutabilidade. Se Deus não muda, como a Escritura declara, então Ele deve ter possuído todo conhecimento desde o princípio; doutra sorte Ele estaria aprendendo continuamente e isso por si mesmo constituiria uma mudança nEle e conduziria necessariamente ainda a mais mudanças manifestas.
Mais ainda: a necessidade de onisciência da parte de Deus pode ser vista em Efésios 1:11, a qual diz que Deus "Opera todas as coisas segundo o conselho de Sua própria vontade". Só um ser onisciente podia operar todas as coisas segundo o conselho de sua própria vontade.
(4) Onipotência.
Deus possui todo o poder. Em Gênesis 17:1 Deus declara: "Sou um Deus Todo-poderoso". Este título se aplica a Ele vezes sem conta na Escritura. Significa este título que Ele possui toda potência ou força. Lemos de novo em Mateus 19:26: "Com Deus todas as coisas são possíveis". Muitas outras passagens declaram a onipotência de Deus.
A onipotência de Deus não significa, sem duvida, que Ele pode fazer coisas que são logicamente absurdas ou coisas que são contra a Sua própria vontade. Ele não pode mentir, porque a santidade do Seu caráter obsta a que Ele queira mentir. E Ele não pode criar uma rocha maior do que Ele pode erguer; nem tanto uma força irresistível como um objeto inamovível; nem Ele pode traçar uma linha entre dois pontos mais curta do que uma reta; nem botar duas montanhas adjacentes uma à outra sem criar um vale entre elas. Ele não pode fazer qualquer dessas coisas porque elas não são objetos de poder: são autocontraditórias e logicamente absurdas; violariam as leis de Deus por Ele ordenadas e O fariam atravessar-se a Si mesmo.
(5) Veracidade.
Por veracidade de Deus quer dizer-se Sua veracidade e fidelidade na Sua revelação às suas criaturas e no trato com elas em geral, em particular com o Seu povo redimido.
Algumas das passagens que estabelecem a veracidade de Deus são: João 9:33; Romanos 1:25; 3:4; 1 Coríntios 1:9; 2 Coríntios 1:20; 1 Tessalonicenses 5:24; Tito 1:2; Hebreus 6:18; 1 Pedro 4:19.
(6) Amor.
Usa-se na Bíblia o amor em diferentes sentidos quando atribuídos a Deus nos Seus tratos com Suas criaturas. Algumas vezes refere-se a mera bondade na concessão de benefícios naturais sobre todos os homens (Salmos 145:9; Mateus 18:33; Lucas 6:35; Mateus 5:44,45). O amor redentor de Deus, por outro lado, é soberano, discriminante e particular. Ele diz: "Amei a Jacó e detestei a Esaú" (Romanos 9:13). E de Deus se declara enfaticamente: "Detestas a todos os obradores de iniqüidade" (Salmos 5:5).
(7) Justiça.
A justiça de Deus está ensinada em Gênesis 18:25; Deuteronômio 32:4; Salmos 7:9-12; 18:24; Romanos 2:6.
Foi a justiça de Deus que fez necessário Cristo morrer para que os homens pudessem ser salvos. A justiça de Deus torna impossível Deus deixar que o pecado passe impune. A morte de Cristo tornou possível que Ele fosse justo e contudo justificador de pecadores crentes (Romanos 3:26).
No sacrifício de Jesus cumpriu-se a Escritura que diz: "A misericórdia e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram" (Salmos 85:10).
A salvação dos crentes é um ato de graça para com eles; contudo, é um ato de justiça a Jesus Cristo que morreu em lugar de todos que crêem.

Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

quinta-feira, março 07, 2013

A Bíblia: Uma revelação de Deus

Tendo visto agora que a existência de Deus é um fato estabelecido, um fato mais certo que qualquer conclusão de um raciocínio formal, porque é o fundamento necessário de toda a razão, passamos à consideração de uma outra matéria. Há agora, e tem havido por séculos, um livro peculiar neste mundo, chamado Bíblia, que professa ser a revelação de Deus. Os seus escritores falam nos termos mais ousados de sua autoridade como interlocutores de Deus. Esta autoridade tem sido admitida por milhões de habitantes da terra, tanto no passado como no presente. Desejamos perguntar, portanto, se este livro é o que ele professa ser e o que tem sido e crido por uma multidão de gente - uma revelação de Deus. Se não é uma revelação de Deus, então os seus escritores ou foram enganados ou foram enganadores maliciosos.

I. É a Bíblia historicamente autêntica?
Por esta pergunta queremos dizer: É a Bíblia exata como um arquivo de fatos históricos? Há mais ou menos um século, críticos sustentaram que a Bíblia não era exata como história. Disseram que os quatro reis mencionados em Gênesis 14:1 nunca existiram e que a vitória dos reis do Ocidente contra os do Oriente, como descrita neste capítulo, nunca ocorreu. Negaram que um povo tal como os hititas sequer existiram. Sargon, mencionado em Isaías 20:1 como rei da Assíria, foi considerado como um personagem mitológico Além disso, suponha-se que Daniel errara ao mencionar Belsazar como um rei babilônico. Dan. 5:1. Exemplos típicos do Novo Testamento do supostos erros históricos podem ser encontrados em Lucas - representação da ilha de Chipre, sendo governado por um "cônsul" (Atos 13:7) e Lisânias como tetrarca de Abilene, enquanto Herodes tetrarca da Galiléia (Lucas 3:1.) Mas como é agora? Podemos dizer hoje, após as investigações de longo alcance sobre as antigas nações que têm sido feitas, que não há uma única instrução na Bíblia que seja refutada. As recusas confiante dos primeiros críticos têm provado os pressupostos da ignorância. A.H. Prof Sayce, um dos mais eminentes arqueólogos, diz: "Desde a descoberta dos comprimidos de Tel el-Amarna, até agora grandes coisas foram levadas a cabo pela arqueologia, e cada um deles foi em harmonia com a Bíblia, enquanto quase cada um deles foi morto contra as afirmações da crítica destrutiva. "Alguns anos atrás, a United Press transmitiu o testemunho de Yahuda AS, ex-professor de História Bíblica na Universidade de Berlim e, posteriormente, das línguas semíticas da Universidade de Madrid, no sentido de que "toda descoberta arqueológica da Palestina e Mesopotâmia, do período bíblico confirma a exatidão histórica da Bíblia. "

II. É a Bíblia revelação de Deus?
Estamos agora na consideração de uma outra questão. Um livro historicamente correto podia ser de origem humana. É isto verdade da Bíblia?

1. UMA PROBABILIDADE ANTECEDENTE.
O pensamento cuidadoso, além da questão de saber se a Bíblia é a revelação de Deus, vai convencer qualquer crente imparcial na existência de Deus, que é altamente provável que Deus deu ao homem uma revelação explícita e duradoura por escrito da vontade divina. A consciência do homem o informa da existência da lei, como foi bem dito: "A consciência não estabelece a lei, mas adverte para a existência de uma lei" (Diman, Argumento Teistico). Quando o homem tem a consciência do que ele tem feito de errado, ele tem indicação de que tenha quebrado alguma lei. Quem mais, diferente de Jeová, cuja existência temos encontrado para ser um fato estabelecido, poderia ser o Autor dessa lei? E desde que o homem pensa intuitivamente de Deus como sendo bom, ele deve pensar do propósito de Sua lei ser boa. Portanto, não podemos pensar nesta lei como sendo para o mero propósito de condenação. É preciso que esta lei seja para a disciplina do homem em justiça. Também devemos concluir que Deus, que está sendo mostrado por ser sábio por suas obras maravilhosas, utilizaria todos os meios mais eficazes para a realização de seu objetivo através da lei. Este argumenta em favor de uma revelação escrita; de qualquer grau de obediência a uma lei justa é impossível ao homem sem o conhecimento dessa lei. Natureza e razão são muito incertas, indistintas, incompletas e insuficientes para o efeito. James B. Walker resume a questão da seguinte forma: "Toda a experiência do mundo confirmou o fato de além da possibilidade de cepticismo que o homem não pode descobrir e estabelecer uma regra perfeita do dever humano "(Filosofia do Plano de Salvação, p. 73).

Se isso for verdade da lei da conduta humana, então quanto mais é a verdade do caminho da salvação? "A luz da natureza deixa os homens totalmente sem o conhecimento da forma de salvar o homens pecador... anjo... eles mesmos não seria capazes de saber a forma de salvar os homens pecadores, ou como os homens pecadores podem ser justificados diante de Deus,...... portanto , a fim de saber isso, "desejo de olhar para ele," 1Pedro 1:12 "(Gill, Corpo da Divindade, p. 25).
Além disso, EY Mullins diz: "A própria idéia de religião contém no seu cerne a idéia de revelação. Nenhuma definição de religião, que omite a idéia pode ficar à luz dos fatos. Se o adorador fala com Deus, e Deus sempre calado ao adorador, temos apenas um lado da religião. Religião se torna então um sentido de faz de conta "(A religião cristã em sua expressão doutrinária).

2. UMA PRESUNÇÃO RAZOÁVEL
"Se a Bíblia não é o que o povo cristão do mundo pensa ser, então temos em nossas mãos o tremendo problema de dar conta de sua crescida e crescente popularidade entre a grande maioria do povo mais iluminado da terra e em face de quase toda a oposição concebível" (Jonathan Rigdon, Ciência e Religião).
Grandes esforços se fizeram para destruir a Bíblia como nunca antes se produziram para a destruição de qualquer outro livro. Seus inimigos tentaram persistentemente deter sua influencia. A crítica assaltou-a e o ridículo escarneceu-a. A ciência e a filosofia foram invocadas para desacreditá-la. Á astronomia, no descortinar das maravilhas celestes, pediram-se alguns fatos para denegri-la e a geologia, nas suas buscas na terra foi importunada para lançar-lhe suspeita." (J. M. Pendleton, Doutrina Cristã). Contudo,

"Firme, serena, imóvel, a mesma Ano após ano... ,
Arde eternamente na chama inapagável; Fulge na luz inextinguível".

Whitaker
A Bíblia levanta-se hoje como uma fênix do fogo com um ar de mistura de dó e desdém pelos seus adversários, tão ilesa como foram Sadraque, Mesaque e Abdenego na fornalha de Nabucodonozor" (Coleção, Tudo sobre a Bíblia).
Não é provável que qualquer produção meramente humana pudesse triunfar sobre semelhante oposição como a que se moveu contra a Bíblia.

3. PROVAS DE QUE A BÍBLIA É A REVELAÇÃO DE DEUS.
(1) As grandes diferenças entre a Bíblia e os escritos dos homens evidenciam que ela não é uma simples produção humana.
Estas diferenças são: -

A. QUANTO ÁS SUAS PROFUNDEZAS E ALCANCES DE SENTIDO.
"Há infinitas profundezas e alcances inexauríveis de sentido na Escritura, cuja diferença é de todos os outros livros e que nos compelem a crer que o seu autor deve ser divino" (Strong). Podemos apanhar as produções dos homens e ajuntar tudo quanto eles têm a dizer numa só leitura. Mas não assim com a Bíblia. Podemos lê-la repetidamente e achar novos e mais profundos sentidos. Vacilam nossas mentes ante sua profundeza de sentido.

B. QUANTO AO SEU PODER, ENCANTO, ATRAÇÃO E FRESCOR ETERNO.
Os escritores bíblicos são incomparáveis no "seu poder dramático"; esse encanto divino e indefinível, essa atração misteriosa e sempre atual que neles achamos em toda a nossa vida como nas cenas da natureza, sempre um encantador frescor. Depois de estarmos deliciados e tocados por essas incomparáveis narrativas em nossa infância remota, elas ainda revivem e afetam nossas ternas emoções mesmo numa idade respeitável. Deve haver, certamente, algo sobre-humano na humanidade dessas formas, tão familiares e tão singelas" (L. Gaussen, Theopneustia). E este mesmo autor sugere uma comparação entre a história de José na Bíblia e a mesma história no Al-Korão. Outro autor (Mornay) sugere uma comparação entre a história de Israel na Bíblia e a mesma história em Flavio Josefo. Diz ele que ao ler a história bíblica, os homens "sentirão vibrar todos os seus corpos, mover seus corações, sobrevindo-lhes um momento uma ternura de afeto, mais do que se todos os oradores da Grécia e Roma lhes tivessem pregado as mesmas matérias por um dia inteiro". Diz ele dos relatos de Josefo, "que se deixarão mais frio e menos emocionado do que quando os achou". Acrescenta: " O que, então, se as Escrituras tem na sua humildade mais elevação, na sua simplicidade mais profundeza, na sua ausência de todo esforço mais encantos, na sua rudeza mais vigor e alvo do que podemos achar noutro lugar qualquer?"

C. QUANTO A SUA INCOMPARÁVEL CONCISÃO.
No livro do Gênesis temos uma história que fala da criação da terra e sobre ela ser feita num lugar adequado para habitação do homem. Fala da criação do homem, animais, plantas e da sua colocação na terra. Fala da apostasia do homem, do primeiro culto, do primeiro assassinato, do dilúvio, da repopulação da terra, da dispersão dos homens, da origem da presente diversidade de línguas, da fundação da nação judaica e do desenvolvimento e das experiências dessa nação durante uns quinhentos anos; tudo, todavia, contido em cinqüenta capítulos notavelmente breves. Comparai agora com isto a história escrita por Josefo. Tanto Moisés como Josefo foram judeus, ambos escreveram sobre os judeus, mas Josefo ocupa mais espaço com a história de sua própria vida do que Moisés consome no arquivo da história desde a criação até ä morte de José. Tomai também os escritos dos evangelistas. "Quem entre nós podia ter sido durante três anos e meio testemunha constante, amigo apaixonadamente chegado, de um homem como Jesus Cristo; quem poderia ter escrito dezesseis ou dezessete curtos capítulos, a história inteira dessa vida: - do Seu nascimento, o Seu ministério, dos Seus milagres, das Suas pregações, dos Seus sofrimentos, de Sua morte, de Sua ressurreição, de Sua ascensão aos céus? Quem entre nós teria julgado possível evitar de dizer uma palavra sobre os primeiros trinta anos de semelhante vida? Quem entre nós podia ter relatado tanto atos de bondade sem uma exclamação; tantos milagres sem uma reflexão a respeito; tantos sublimes pensamentos sem uma ênfase; tantas fraquezas sem pecado no seu Mestre e tantas fraquezas pecaminosas nos Seus discípulos, sem nenhuma supressão; tantos casos de resistência, tanta ignorância, tanta dureza de coração, sem a mais leve desculpa ou comento? É assim que os homens escrevem história? E mais, quem entre nós podia ter sabido como distinguir o que exigia ser dito por alto do que exigia sê-lo em minúcia?" (Gaussen).
(2) A revelação de coisas que o homem, deixado a si mesmo, jamais podia ter descoberto dá evidência da origem sobre-humana da Bíblia

A. O relato da Criação.
Onde pôde Moisés ter obtido isto, se Deus não lho revelou? "A própria sugestão de ter Moisés obtido sua informação histórica dessas legendas caldaicas e de Gilgamesh ... é simplesmente absurda; porque, interessantes como são, estão de tal modo cheias de asneiras, que teria sido impossível a Moisés ou a qualquer outro homem praticamente de evoluir tais legendas místicas os registros sóbrios, reverentes e científicos que se acham no livro do Gênesis" (Collett).
Além disso, Moisés não obteve sua informação sobre a Criação da ciência e da filosofia do Egito. "Moisés, como o Príncipe do Egito, frequentou a melhor das escolas e foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios! - a maioria dos quais é considerado hoje um total absurdo. – mas ele não escreveu em seus livros. As teorias estranhas e fantásticas realizadas pelos egípcios sobre a origem do mundo e do homem se passou completamente; e no primeiro capítulo do Gênesis na língua majestosa, que nunca foi superada até hoje - ele dá conta da criação de Deus - do mundo e do homem, qualquer declaração é refutado pela ciência moderna "(Boettner, Estudos em Teologia, p. 34).

B. A doutrina dos anjos.
"Foi alguma coisa parecida com os anjos concebida pela imaginação do povo, pelos seus poetas, ou pelos seus sábios? Não; nem mesmo mostraram jamais aproximar-se disso. Perceber-se-á, quão impossível foi, sem uma operação constante da parte de Deus, que as narrativas bíblicas, ao tratarem de um tal assunto, não tivessem considerado constantemente a impressão humana demais de nossas acanhadas concepções; ou que os escritores sagrados não tivessem deixado escapar de suas penas - toques imprudentes ao vestirem os anjos com atributos divinos demais ou afetos humanos demais." (Gaussen).

C. A ONIPRESENÇA DE DEUS.
As seguintes passagens representam a conclusão da filosofia humana?
"Sou eu um Deus de perto, diz Jeová, e não sou um Deus de longe? Pode alguém esconder-se em lugares secretos de modo que eu não o veja? diz Jeová. Não encho eu o céu e a terra? diz Jeová (Jr. 23:23,24).
"Para onde fugirei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua face? Se subir ao céu, lá Tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua mão me guiará e a Tua destra me susterá." (Sl. 139:7-10).
Estas passagens e outras na Bíblia ensinam, não o panteísmo, nem que Deus está em diferentes lugares sucessivamente senão que Ele está em toda a parte ao mesmo tempo e contudo separados como Ser - fora da Criação. O intelecto sozinho do homem originou esta concepção, vendo que, mesmo quando ele tem sido acomodado, a mente do homem pode compreendê-lo só parcialmente?

D. O PROBLEMA DA REDENÇÃO HUMANA.
Se fora submetido ao homem o problema de como Deus podia ser justo e justificador do ímpio, teria o homem proposto, como solução, que Deus se tornasse carne e sofresse em lugar do homem? "Que a criatura culpada fosse salva a custa da encarnação do Criador; que a vida viesse aos filhos dos homens através da morte do Filho de Deus; que o céu se tornasse acessível à população distante da terra pelo sangue de uma cruz vergonhosa; estava totalmente remoto a todas as concepções finitas. Mesmo quando a maravilha se torna conhecida pelo Evangelho, excitou o desprezo dos judeus e dos gregos; Para o antigo era uma pedra de tropeço e ofensa, para o último era a loucura. Os gregos eram um povo altamente cultivados, agudos em intelecto, de profunda filosofia e sutil de raciocínio, mas ridicularizavam a idéia de salvação através de alguém que foi crucificado. Eles podem muito bem ser considerados como representando as possibilidades do intelecto humano - o que pode fazer, e, de longe afirmar a doutrina cristã da redenção como uma invenção dos filósofos, eles riram como se fosse filosofia indigna. Os fatos do evangelho que rejeitaram como inacreditáveis, porque eles pareciam estar em conflito positivo com suas concepções de razão" (J. M. Pendleton, Doutrinas Cristãs).
"Como podiam esses livros terem sido escritos por semelhantes homens, em semelhantes ambientes sem auxílio divino? Quando consideramos os assuntos discutidos, as idéias apresentadas, tão hostis não só aos seus prejuízos nativos, mas ao sentimento geral então prevalecente nos mais sábios da humanidade - o sistema todo de princípios entrelaçados em toda parte da história, poética e promessa, bem como de insignificantes maravilhas e singulares excelências da palavra; nossas mentes se constrangem a reconhecer este como o Livro de Deus num sentido elevado e peculiar" (Basil Manly, A Doutrina Bíblica da Inspiração).
(3) A unidade maravilhosa da Bíblia confirma-a como uma revelação divina.
"Eis aqui um volume constituído de sessenta e seis livros escritos em seções separadas, por dezenas de pessoas diferentes, durante um período de mil e quinhentos anos - um volume que antedata nos seus registros mais antigos todos os outros livros no mundo, tocando a vida humana e o conhecimento em centenas de diferentes pontos. Contudo, evita qualquer erro absoluto e assinalável ao tratar desses inumeráveis temas. De que outro livro antigo se pode dizer isto? De que livro mesmo centenário se pode dizer isto?" (Manly, As Doutrinas Bíblicas da Inspiração).
A Bíblia contém quase toda a forma de literatura, história, biografia, contos, dramas, argumentos, poesias, profecias, parábolas, rogos, filosofias, lei, letras, sátiras e cantos. Foi escrita em três línguas por uns quarenta autores diferentes, que viveram em três continentes. Esteve no processo de composição uns mil e quinhentos ou seiscentos anos. "Entre esses autores estiveram reis, agricultores, mecânicos, cientistas, advogados, generais, pescadores, estadistas, sacerdotes, um coletor de impostos, um doutor, alguns ricos, alguns pobres, alguns citadinos, outros camponeses, tocando assim todas as experiências dos homens." (Peloubet, Dicionário Bíblico).
Entretanto, a Bíblia está em harmonia em todas as suas partes. Os críticos têm imaginado contradições, mas estas desaparecem como a cerração ao sol matutino quando se sujeitam à luz de uma investigação inteligente, cuidadosa, cândida, justa e simpática. Os seguintes sinais de unidade caracterizam a Bíblia:

A. É uma unidade no seu desígnio.
O grande desígnio que percorre toda a Bíblia é a revelação de como o homem, alienado de Deus, pode achar restauração ao favor e à comunhão de Deus.

B. É uma unidade no seu ensino a respeito de Deus
Toda declaração na Bíblia a respeito de Deus é compatível com qualquer outra declaração. Nenhum escritor desmentiu qualquer outro escritor escrevendo sobre o tema estupendo o inefável, Deus infinito!

Isso é verdade, apesar dos esforços dos modernistas para representar o Deus do Antigo Testamento como um Deus de vingança e de guerra, o Deus do Novo Testamento como um Deus do amor e paz. Modernistas propositadamente ignoram fato de que, no Antigo Testamento, Deus lidou com uma nação, enquanto que no Novo Testamento Deus está lidando com pessoas. Não há uma palavra no Novo Testamento, que ensina que as nações não devem resistir à agressão. Modernistas grosseiramente pervertem Novo Testamento quando eles insistem em aplicar ás nações os ensinamentos de Jesus com relação aos crentes individuais.

C. É uma unidade no seu ensino a respeito do homem.
Em toda a parte da Bíblia o homem é mostrado como criatura por natureza corrupta, pecaminosa, rebelde e falida sob a ira de Deus e carecendo de redenção.

D. É uma unidade no seu ensino a respeito da salvação.
O caminho da salvação não foi tão claro no Velho Testamento, como era no Novo Testamento. Mas pode ser visto facilmente que o que é claramente revelada no Novo Testamento foi prefigurado no Antigo Testamento. Pedro afirmou que santos do Antigo Testamento foram salvos exatamente da mesma maneira que os santos do Novo Testamento são salvos. Atos 15:10,11. Leia, neste contexto, os capítulos quinquagésimo terceiro e quinquagésimo quinto de Isaías. Observe também que Paulo faz a Abraão um exemplo típico da justificação mediante a fé (Rm 4) e diz que o evangelho foi pregado a Abraão (Gl. 3:8). Nota, ainda, que Paulo disse a Timóteo que "a Sagrada Escritura" (Antigo Testamento), que ele havia conhecido desde criança fosse capaz de fazer um sábio "para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (2 Tm. 3:15). O suposto conflito entre Tiago e Paulo sobre a justificação será tratado no capítulo sobre a justificação.

E. É uma unidade quanto à Lei de Deus.
Um ideal perfeito de justiça está retratado por toda a Bíblia a desrespeito do fato que Deus, em harmonia com as leis do desenvolvimento humano, ajustou Seu governo às necessidades de Israel para que pudesse erguer-se do seu rude estado. Este ajustamento da disciplina de Deus foi como uma escada descida a um fosso para prover um meio de escape a alguém lá enlaçado. A descida da escada não visa a um encorajamento ao que está no fundo para deter-se lá, mas intenciona-se como meio de livramento; de modo que a condescendência da disciplina de Deus no caso de Israel não foi pensada como um encorajamento do mal, mas como uma regulação do mal com o propósito de levantar o povo a um plano mais elevado. Negar a unidade da Lei de Deus por causa de adaptações às necessidades de povos particulares é tão tolo como negar a unidade dos planos do arquiteto pelo fato de ele usar andaimes temporários na execução deles.

F. É uma unidade no desenredo progressivo da doutrina.
A verdade toda não foi dada de uma vez na Bíblia. Contudo, há unidade. A unidade no desenredo progressivo é a unidade do crescimento vegetal. Primeiro vemos a erva, depois a espiga e então o grão cheio na espiga" (Marcos 4:28).
A força desta unidade maravilhosa na sua aplicação à questão da inspiração da Bíblia está acentuada por David James Burrell como segue: - "Se quarenta pessoas de diferentes línguas e graus de educação musical tivessem de passar pela galeria de um órgão em longos intervalos e, sem nenhuma possibilidade de acordo prévio, cada uma delas tocasse sessenta e seis teclas, as quais, quando combinadas, dessem o tema de um oratório, submeter-se-ia respeitosamente que o homem que considerasse isso como uma "circunstância fortuita" seria tido por consenso unânime universal - para dizê-lo modestamente - tristemente falto de senso comum" (Por Que Eu Acredito na Bíblia).
(4) A exatidão da Bíblia em matérias científicas prova que ela não é de origem humana.

A. A Bíblia não foi dada para ensinar ciência natural.
Diz-se corretamente que a Bíblia não foi dada para ensinar ciência natural. Não foi dada para ensinar o caminho que os céus vão, mas o caminho que vai para o céu.

B. Todavia, ela faz referência a matérias cientificas.
"Por outro lado, contudo, vendo que o universo inteiro está de tal modo inteira e inseparavelmente ligado com leis e princípios, é inconcebível que este livro de Deus, que confessadamente trata de tudo no universo quanto afeta os mais altos interesses do homem, não fizesse referência alguma a qualquer matéria científica; daí acharmos referência incidentais a vários ramos da ciência... (Sidney Collett, Tudo Sobre a Bíblia).

C. E quando a Bíblia faz referência a matérias cientificas, é exatíssima.
A Bíblia não contém os erros científicos do seu tempo. Ela antecipou as gabadas descobertas dos homens centenas de anos. Nenhuma das suas afirmações provou-se errônea. E é somente nos tempos hodiernos que os homens chegam a entender alguns deles. [Os conflitos supostos por muitos existente entre a Bíblia e a ciência no que diz respeito à criação da terra e dos seres vivos são tratados em capítulos posteriores na relação de Deus para o Universo e A Criação do Homem. Além disso, provas científicas da enchente, serão dadas no capítulo dedicado à criação do homem. Além disso, este último capítulo vai lidar também com a suposta antiguidade homem.] Notai as seguintes referências bíblicas a matérias cientificas:
(a) A rotundidade da terra. Séculos antes de os homens saberem que a terra é redonda a Bíblia falou do "circulo da terra" (Isaías 40:22).
(b) O suporte gravitacional da terra.
Os homens costumavam discutir a questão do que é que sustenta a terra, sendo avançadas diversas teorias. Finalmente os cientistas descobriram que a terra é sustentada por sua própria gravitação e a de outros corpos. Mas, muitos antes de os homens saberem isto, e enquanto contendiam por este ou aquele fundamento material para a terra, a Bíblia declarou que Deus "pendura a terra sobre o nada" (Jó 26:7).
(c) A natureza dos céus. A Bíblia fala dos céus como "expansão" e isto estava tão adiante da ciência que a palavra hebraica (raquia) foi traduzida por "firmamento" (Gênesis 1; Sl. 19:6), que quer dizer um suporte sólido.
(d) A expansão vazia do Norte. Foi só na metade do século passado que o Observatório de Washington descobriu que, dentro dos céus do Norte, há uma grande expansão vazia na qual não há uma só estrela visível. Mas antes de três mil anos a Bíblia informou aos homens que Deus "estendeu o Norte sobre o espaço vazio" (Jó 26:7).
(e) O peso do Ar. Credita-se a Galileu a descoberta que o ar tem peso - algo com que os homens jamais tinham sonhado; mas, dois mil anos antes da descoberta de Galileu a Bíblia disse que Deus fez "um peso do vento" (Jó 28:25).
(f) A rotação da terra. Ao falar de sua segunda vinda, Cristo deu indicação de que seria noite numa parte, dia na outra (Lucas 17:34-36), implicando assim a rotação da terra sobre seu eixo.
(g) O número de estrelas. No segundo século antes de Cristo, Hiparco numerou as estrelas em 1.022. Mais de 300 anos mais tarde, Ptolomeu acrescentou mais quatro. Mas a Bíblia antecipou as revelações do telescópio moderno, comparando as estrelas com grãos de areia à beira-mar (Gênesis 22:17; Jeremias 38:22.), com somente Deus sendo capaz de enumerá-las (Sl 147:4) .
(h) A lei da evaporação. Muito antes que os homens soubessem que é a evaporação que evita que o mar transborde e mantém os rios correndo, fazendo possível chover, todo o processo surpreendente foi notavelmente representado com precisão científica o seguinte: "Todos os rios correm para o mar, e contudo o mar não é completo; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr (Ecl.1:7)
(i) A existência de ventos alisados. Hoje sabemos que a subida do ar quente nos trópicos faz com que o ar frio do norte a se deslocar no seu lugar, causando o que chamamos de "ventos alisados". Sabemos também que "em alguns lugares, eles explodem em uma direção pela metade do ano, mas na direção oposta à outra metade (Novos Alunos Obras de Referência, p. 1931). A Bíblia antecipou este conhecimento em uma declaração muito notável : "O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte, continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos" (Eclesiastes 1:6).
(j) A importância do sangue. Somente há cerca de três séculos e meio que temos sabido que o sangue circula, levando oxigênio e alimento para todas as células do corpo, removendo o dióxido de carbono e outros resíduos do organismo através dos pulmões e órgãos excretores, e promovendo a cura e combate a doenças. Mas há muito tempo a Bíblia declara que "a vida da carne está no sangue". Veja Gênesis 9:4; Lev. 17:11,14. (k) A união da raça humana. Antiga tradição representava homens originalmente como brotando individualmente - a partir do solo - sem relação linear. Mas o conhecimento moderno tem revelado muitas evidências física, fisiológica, geográfica e linguística da união da raça. [Uma extensa discussão sobre a união do homem é encontrada no Novo Guia Bíblico (Urquhart, a partir da página 381 do Vol. 1.), onde é feita referência a uma discussão sobre as variações na família humana por Pritchard nos Vestígios da Criação, e Pritchard é citado como tendo dito: "Nós temos noções obscuras das leis que regulamentam essa variabilidade dentro de limites específicos, mas vê-los operar continuamente, e eles são, obviamente, favoráveis à suposição de que todas as grandes famílias dos homens podem ter sido de uma origem." Além disso Pritchard é citado como tendo dito: "A tendência do estudo das línguas modernas é o mesmo ponto." Então Urquhart diz do eminente e graduado Quatre-Fages: "Ele manifestou a convicção de que a única conclusão possível da ciência é que a raça humana surgiu a partir de um único par."] A evidência mais forte, no entanto, encontra-se no fato de que, enquanto a ciência médica pode distinguir entre o sangue humano e o sangue animal e pode distinguir entre o sangue de diferentes espécies de animais, contudo não pode distinguir entre o sangue das diferentes raças da humanidade. Mas Moisés não teve que esperar por esse conhecimento moderno. Sem hesitação ou equívoco, ele declarou que a raça se espalhou pelos descendentes dos filhos de Noé (Gênesis 9:19; 10:32). Nem Paulo hesita em afirmar que Deus "fez de um sangue todas as nações dos homens" (At 17:26).
(5) A profecia cumprida testemunha ao fato que a Bíblia veio de Deus.

A. A referência profética a Ciro.
Cinqüenta anos antes do nascimento de Rei Ciro o qual decretou que os filhos de Israel voltassem à sua terra, Isaías falou de Deus como "aquele que disse de Ciro, ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado." (Isaías 44:28).

B. A profecia do cativeiro babilônico. Vide Jr. 25:11.

C. Profecias a respeito de Cristo.
(a) Os soldados repartindo as Suas vestes. Salmos 22:18. Para cumprimento: Mt. 27.35.
(b) O fato de Seus ossos não serem quebrados. Sal. 34:20. Cumprimento: João 19:36.
(c) Sua traição. Sal. 41:9. Cumprimento: João 13:18.
(d) Sua morte com os ladrões e enterro no túmulo de José. Isaías 53:9, 12. Cumprimento: Mt. 27:38, 57-60.
(e) O Seu nascimento em Belém. Miquéias 5:2. Cumprimento: Mt. 2:1; João 7:42.
(f) Sua entrada triunfal em Jerusalém. Zacarias 9:9. Cumprimento: Mt. 21:1-10; Mc. 11. 1-8; Lc. 19. 29-38.
(g) Seu traspasse. Zc. 12:10. Cumprimento: João 19:34,37.
(h) Dispersão dos Seus discípulos. Zc. 13:7. Cumprimento: Mt. 26:31.
Há, porém, uma explicação plausível da maravilha da profecia cumprida e essa explicação é que Ele "que faz todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade" (Ef. 1:11) moveu a mão do escritor da profecia.
(6) O testemunho de Cristo prova a genuinidade da Bíblia como uma revelação de Deus.
Jesus considerou o Velho Testamento como a Palavra de Deus, a ele se referiu freqüentemente como tal e disse: "A Escritura não pode ser anulada" (João 10:35). Ele também prometeu ulterior revelação por meio dos apóstolos (João 16:12,13). Temos assim Sua pré-autenticação do Novo Testamento.
O testemunho de Jesus é de valor único, porque Sua vida provou-O ser o que Ele professou ser - uma revelação de Deus. Jesus não se enganou; "porque isto alegaria (a) uma fraqueza e loucura montando a positiva insanidade. Mas Sua vida inteira e caráter exibiram uma calma, dignidade, equilíbrio, introspecção e autodomínio totalmente inconsistente tal teoria. Ou alegaria (b) auto ignorância e auto exagero que podiam provir apenas da mais profunda perversão moral. Mas a pureza absoluta de Sua consciência, a humildade do Seu espírito, a beneficência abnegada de Sua vida mostram ser incrível esta hipótese". Nem Jesus foi um enganador, porque (a) a santidade perfeitamente compatível de Sua vida; a confiança não vacilante com a qual Ele desafiava para uma investigação de suas pretensões e arriscava tudo sobre o resultado; (b) a vasta improbabilidade de uma vida inteira de mentira aos declarados interesses da verdade e (c) a impossibilidade de decepção operava tal benção ao mundo, - tudo mostra que Jesus não foi um impostor cônscio" (A. H. Strong).

III. O que constitui a Bíblia?
Do que já se disse, manifesto é que o autor crê que a Bíblia, revelação de Deus, consiste de sessenta e seis livros do que é conhecido como o Cânon Protestante.
Aqui não é necessário um prolongado e trabalhado argumento e nada será tentado. A matéria inteira, tanto quanto respeita aos que crêem na divindade de Cristo, pode ser firmada pelo Seu testemunho.
Notemos:

1. Cristo aceitou os trinta e nove livros de nosso Velho Testamento como constituindo a revelação escrita que Deus tinha dado até aquele tempo.
Esses livros compunham a "Escritura" (um termo que ocorre vinte e três vezes no Novo Testamento) aceita pelos judeus. Crê-se que eles foram reunidos e arranjados por Esdras. Foram traduzidos do hebraico para o grego algum tempo antes do advento de Cristo. Não pode haver dúvida de que Cristo aceitou esses livros e nenhum outro como constituindo os escritos que Deus inspirou até aquele tempo. Ele citou esses livros na fórmula: "Está escrito". Ele referiu-se a eles como "Escritura". E Ele disse: "... a Escritura não pode ser anulada" (João 10:35).
Por outro lado, nem Cristo nem os apóstolos aceitaram os quatorze livros e partes de livros (conhecidos como os Apócrifos), a maioria dos quais foram acrescentados ao cânon protestante, para compor o Antigo Testamento na Bíblia Católica Romana (Versão Douay). "E embora existam no Novo Testamento, cerca de 263 citações diretas e cerca de 370 referências a passagens do Antigo Testamento, mas entre todas estas não há uma única referência, quer por Cristo ou Seus apóstolos, aos escritos apócrifos" (Collett , Tudo Sobre a Bíblia, p. 50). Nem eram esses livros recebidos pela nação de Israel. [Isto é admitido pelas autoridades católicas romanas. Em Um Catecismo da Bíblia, escrito pelo "Rev. John J. O'Brien, MA," e publicada com a autorização da Sociedade Católica Internacional da Verdade, do Brooklyn, na página 10, esta pergunta foi feita sobre estes livros: "Eram os livros adicionados aceitos pelos hebreus?" E a resposta dada é: "Não, os hebreus se recusaram a aceitar estes livros adicionados."]
Josefo, por escrito contra Apion ( Livro 1, V. 8), diz: "Nós não temos uma multidão inumerável de livros entre nós, discordando e contradizendo um ao outro entre si, mas apenas 22 livros (este número foi estabelecido por certas combinações de nossos trinta e nove livros). . . para durante tantos anos já passaram, ninguém foi tão ousado, quer para acrescentar nada a eles, para tirar qualquer coisa deles, ou fazer qualquer alteração nos mesmos. "Tampouco foram esses livros parte da Septuaginta original, como foi suposto muitas vezes. Cirilo de de Jerusalém (nascido em 315 dC) falou da Septuaginta da seguinte forma: "Leia a divina Escritura, ou seja, os 22 livros do Antigo Testamento que os setenta e dois intérpretes traduziram." Eles provavelmente foram adicionados ao Septuaginta em meados do século IV, desde as mais antigas cópias da Septuaginta possuímos (Vaticano versão) os contém, e isto é suposto que data do século IV. Talvez tenha sido a adição desses livros que levou a igreja grega em Concílio de Laodicéia (363 dC) para negar a sua inspiração. Mesmo tão tarde quanto 1546, o Concílio de Trento considerou necessário declarar que esses livros sejam canônicos.


2. Cristo também prometeu outra revelação indo além de tudo que Ele tinha ensinado.
Em João 16:12,13 achamos Cristo falando aos apóstolos como segue: "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. ".
Além disso, Cristo constituiu os apóstolos um corpo de professores infalível quando em Mt. 18:18 Ele disse: "Em verdade eu vos digo: tudo o que ligardes na terra será ligado nos céus, e tudo quanto desligares na terra será desligado nos céus". "Ligar" significa proibir, isto é, ensinar que uma coisa está errada. "Desligar" é permitir , sancionar, para ensinar que uma coisa é certa. Assim, Cristo prometeu sancionar no céu o que os apóstolos ensinarassem na terra. João 20:22, 23 é da mesma importância.
No Novo Testamento temos esta revelação que Cristo deu por meio do Seu corpo infalível de mestres. Os poucos livros não escritos pelos apóstolos receberam o seu lugar no cânon, evidentemente, porque os apóstolos os aprovaram. De qualquer maneira, o seu ensino é o mesmo como o dos demais livros do cânon.
O Novo Testamento veio á existência da mesma maneia que o Velho, isto é, o cânon foi determinado pelo consenso de opinião da parte do próprio povo de Deus. O fato que Deus deu e conservou uma revelação infalível da velha dispensação prova que Ele fez o mesmo com referência ao novo.
A tese católica romana que aceitamos nossa Bíblia com a sua autoridade é esplendidamente nula e eloquentemente vã. O cânon da Bíblia inteira foi estabelicida antes que houvesse uma coisa como a Igreja Católica Romana. (Veja o capítulo sobre "A Doutrina da Igreja para uma discussão sobre sua origem.) Se aceitássemos a nossa Bíblia na autoridade da Igreja Católica Romana, então devemos aceitar os livros apócrifos que foram adicionados, juntamente com sua tradução deturpada deles . Além disso, nesse caso, devemos aceitar as suas tradições vãs. As decisões dos concílios da Igreja são considerados de valor para nós apenas como eles são aceitos como evidência histórica rumo para o consenso de opinião entre os verdadeiros santos de Deus e como expressar a verdade que é confirmado por outras evidências.


IV. É a Bíblia suficiente e a ultima revelação de Deus?
A suficiência e o término da Bíblia são rejeitadas hoje pelos católicos romanos em favor da "tradição", e os devotos da neo-ortodoxia em favor de uma revelação contínua. A base da disputa Católica Romana para a autoridade da tradição é a idéia de que o clero católico romano são sucessores dos apóstolos. Esta é uma invenção da imaginação pervertida.
Nem Jesus nem os apóstolos davam o menor indício sobre um sucessor apostólico, com exceção de Judas, e era necessário que ele seja aquele que tinha convivido com eles desde o batismo de João. Veja Atos 1:21,22. Tradição católica romana, não apenas suplementam a Bíblia, mas também a contradizem. Eles surgiram da mesma maneira que as tradições judaicas, e, hoje eles estão na mesma relação com a verdadeira Palavra de Deus. Assim, a condenação de Jesus é tambem aplicável a eles como a tradição judaica - “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mateus 15:8,9).
Paulo claramente indicou que o plano de Deus era para dar ao homem uma revelação escrita completa assim "para que o homem de Deus, seja perfeito, e perfeitamente instruido para toda a boa obra" (2 Tm. 3:17)
A idéia moderna da "autoridade do Espírito", que é realmente a autoridade da razão humana, como dando revelação contínua, é igualmente inútil. Devemos voltar a Cristo como nossa única autoridade de confiança, e Cristo não deu nenhuma promessa de ensinamentos autorizados além dos apóstolos. Essa idéia não será adotada por ninguém, exceto os modernistas ou aqueles grandemente afetados pelo modernismo. Aqueles que aceitam essa idéia serão encontrados de forma aberta ou na pratica negando a inspiração da Bíblia. Nós não nos importamos com suas noções nebulosas. Elas são tão frágeis que elas entram em colapso sob seu próprio peso. O Novo Testamento é manifestamente completo, suficiente e final.

Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
Revisão da tradução e gramatical: Viviane Sena 2010
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

quarta-feira, março 06, 2013

A Existência de Deus

O fato da existência de Deus é tanto do ponto de partida bíblico quanto lógico para um estudo sistemático da doutrina bíblica. É do ponto de partida das Escrituras que o primeiro versículo da Bíblia informa-nos disso. É da parte lógica o fato da existência de Deus ser subjacente a todas as outras doutrinas Bíblicas. Sem a existência de Deus, todas as outras doutrinas da Bíblia seriam sem sentido.

John Gill, em seu "Corpo Da Divindade" (p. 1) observa com muita propriedade: "Eu devo começar com o Ser de Deus e provas e evidências disso; que é o fundamento de toda religião, pois se não há Deus, a religião é uma coisa vã e não importa o que nós acreditamos, nem o que fazemos, uma vez que não há um Ser Superior a quem devamos prestar contas de fé ou prática.”
Em comentando sobre o primeiro versículo de Gênesis, o professor Herbert W. Morris, em "A Ciência e a Bíblia" (p. 25) diz: "Assim se abre o livro de Deus com o anúncio de uma verdade que nenhum processo de raciocínio poderia ter alcançado, e uma declaração de fato que nenhuma filosofia jamais poderia ter revelado. Nada pode exceder a grandeza do pensamento, nada supera a adequação das palavras, como uma introdução ao livro Sagrado. Olhando para trás toda a gama de resíduos de todas as eras passadas, esta frase da sublimidade divina, como um arco mágico, está no fechamento de fronteiras da eternidade passada, além dele são o silêncio e a escuridão da noite eterna; dele é a fonte das epocas e cenas e acontecimentos de todo o tempo ".


I. A EXISTÊNCIA DE DEUS ESTÁ ASSUMIDA NA BÍBLIA.
A Bíblia inicia por assumir e declarar a existência de Deus, sem cometimento para prová-la. Isto é um fato digno de nota. Ao comentá-lo, diz J. M. Pendleton em "Doutrinas Cristãs": “Moisés, sob inspiração divina, têve, sem dúvida, as melhores razões para o curso que ele tomou.” O autor crê que há três boas razões pelas atitudes adotadas por Moisés, a saber:

1. ISRAEL, EM CUJO BENEFÍCIO MOISÉS ESCREVEU PRIMARIAMENTE, JÁ CRIA EM DEUS
Daí, o propósito de Moisés, que foi mais prático que teológico, não exigiu uma discussão de provas da existência de Deus.

2. AS EVIDÊNCIAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS SÃO VISÍVEIS E VIGOROSAS
Assim, foi desnecessário, mesmo para a raça humana como um todo, que um discurso prático tratasse das evidências da existência de Deus. Mas o nosso estudo é teológico bem como prático; logo, é-nos oportuno notar estas evidências visíveis e vigorosas.
"Alguns, porque o ser de Deus é o primeiro princípio, que não deve ser contestado, e porque não há uma proposição auto-evidente a ser refutada; têm pensado que não deve ser admitido como uma questão de debate; mas uma vez que essa é a malícia de Satanás, como sugerir o contrário para as mentes dos homens, e tal a fraqueza de alguns bons homens a serem perseguidos e angustiados diante das dúvidas sobre isso, às vezes, não pode ser impróprio para procurar fortalecer nossas mentes com razões e argumentos contra essas sugestões" (Corpo da Divindade - Gill, p. 1).
Essas evidências nos vêm da:
(1) Criação Inanimada
A. A matéria não é eterna e, portanto deve ser criada.
George McCready Price, autor de "Fundamentos da Geologia" e outros livros científicos, diz: "Os fatos da radioatividade proíbem muito positivamente a eternidade passada da matéria. Daí, a conclusão é silogística: a matéria deve ter se originado em algum tempo no passado..." (Q. E. D., pág. 30). O Professor Edward Clodd diz que "tudo aponta para uma duração finita da criação atual" (História da Criação, pág. 137). "Que a forma presente do universo não é eterna no passado, mas começou a ser, não somente a observação pessoal mas seu testemunho da geologia nos assegura isso" (Strong, Teologia Sistemática, pág. 40).
B. A matéria deve ter sido criada por outro processo que não os naturais; logo, a evidência de um criador pessoal.
Diz o Prof. Price.: "Há uma ambigüidade de evidência. Tanto quanto a ciência moderna pode lançar luz sobre a questão, deve ter havido uma criação real dos materiais pelo qual se compõe o nosso mundo, uma criação inteiramente diferente, tanto em qualidade como em grau, de algum processo contínuo". (Q. E. D. pág. 25). A origem das coisas não se pode computar sobre uma base naturalística. Buscando assim, Darwin foi obrigado a dizer: "Estou num lamaçal desesperado." Seria sensato acreditar que os livros são escritos pelas forças residentes no alfabeto e pela operação das leis da ortografia e gramática como acreditar que o universo foi criado por forças residentes em matéria e da operação da lei natural. "Assim, as investigações da ciência moderna, em qualquer ponto do início do horizonte, converge e se une na grande e fundamental verdade, de que “NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA” (Herbert W. Morris, Ciência e Bíblia, p. 30).
“Cada pessoa pensativa acredita em uma série de causas e efeitos na natureza, cada efeito tornando-se a causa de outro efeito. Agora, a aceitação disso como um fato logicamente nos obriga a admitir que deve haver um começo para qualquer série, ou seja, nunca poderia ter havido primeiro o efeito se não houvesse a Causa primária. Esta primeira Causa para mim é deidade, e porque eu não posso dizer onde a Primeira Causa surgiu não há razão suficiente para negar que Ele existe, senão assim também poderia negar a existência do efeito milionésimo, que, por causa do argumento, pode acontecer de ser deste mundo. Veja bem, se eu admitir uma causa como nunca tendo existido, eu sou obrigado, eventualmente, por indução a chegar à primeira causa”(R.A.L, em um folheto, “A Razão do Por que” , Irmãos Loizeaux, Edições).
(2) Criação Animada

A. A Matéria Viva não pode provir da não-viva.
Escrevendo no "London Times", disse Lord Kelvin: "Há quarenta anos perguntei a Liebig, andando nalgum lugar pelo campo, se ele acreditava que o capim e as flores que víamos ao nosso redor cresciam por meras forças químicas". Ele respondeu: "Não mais do que eu podia crer que um livro de botânica que as descrevesse pudesse crescer por meras forças químicas". Numa preleção perante o Instituto Real de Londres, Tyndall afirmou candidamente os resultados de oito meses de árduas experiências como segue: "Do princípio ao fim do inquérito não há, como visto, uma sombra de evidência a favor da doutrina de geração espontânea ... Na mais baixa como na mais elevada das criaturas organizadas o método da natureza é: que a vida será o produto de uma vida antecedente". O Professor Conn diz: "Não há a mais leve evidência de que a matéria viva possa surgir da matéria morta. A geração espontânea está universalmente vencida" (Evolução de Hoje, pág. 26). E o Sr. Huxley foi forçado a admitir: "A doutrina que a vida somente pode vir da vida está vitoriosa em toda a linha" (O Outro Lado da Evolução, pág. 25).

B. Desde que a matéria não é eterna, a vida física, que envolve a matéria viva, não pode ser eterna.
O fato de a matéria não ser eterna proíbe a suposição que a vida física é o resultado de uma série infinita de gerações. E desde que, como vimos, a matéria não pode provir da não-viva, somos forçados a aceitar o fato de um criador pessoal, não-material. Que este é um fato que nem mesmo a teoria da evolução pode eliminar adequadamente foi francamente declarado por este consciecioso evolucuionista Professor Drummond, que dsse: “Em vez de abolir o lado criativo a evolução demanda por isso. Em vez de se opor à Criação, todas as teorias começam por assumi-la" (A Ascensão do Homem).
(3) Ordem, Desígnio e Adaptação no Universo,
Nós vemos a ordem maravilhosa no sistema planetário, onde se encontram "não os resultados desconectados e chocantes de azar", sob o qual teria pelo menos " mil chances contra a conveniência e segurança para uma em seu favor," mas sim "nós encontramos o sistema como ele existe - livre de todas esses perigos e inconveniências," com todos "os planetas se deslocando em órbitas que garantem a segurança perfeita para todos e as maiores vantagens para cada um." Isto tem sido provocada “pela forma mais uniforme e matematicamente exato ajuste de número, peso e medida em todas as partes, apresentando a evidência mais convincente de que o todo é o trabalho de uma Mente Onipotente e Compreensiva" (Morris, da Ciência e da Bíblia, p. 309, 312).
A importancia total do exposto só pode ser apreciada quando levamos em consideração a atração mútua de todos os planetas e seus satélites, através da qual os planos equatorais são transferidos, os pólos norte são feitos para vagar,eixos de rotação, as velocidades orbitais alterados, e os planetas são puxados para fora do elipse plano, caso contrário, eles segueriam. Nosso sistema solar está arranjado de tal forma que estas perturbações são oscilatórias ou cíclicas. "Agora tudo isto, como Laplace e Lagrange têm demonstrado, é assegurado por três ajustes específicos e distintos, a saber, os movimentos dos planetas, sendo na mesma direção, suas órbitas serem de pequena excentricidade, e essas serem ligeiramente inclinadas para o outro" (Morris, Ciência e a Bíblia, p. 317). A este pode ser adicionado outros três ajustes, a saber, a imensa força gravitacional do sol, a grande distância entre os planetas, e o fato de que dois planetas não ficam em oposição (formam uma linha com o sol no mesmo lado do sol), na mesmo lugar de sua órbita por vez. “Nós ainda assim vemos que a eliptica está em contante mudança na forma elíptica; que a órbita da terra oscila para cima e para baixo; que o pólo norte firmemente tranforma seu dedo indicador sob um mostrador que marca 26,000 anos; que a terra precisamente está solta no espaço, que gentilmente acena para a atração do sol, da lua e planetas. Assim, as mudanças estão ocorrendo, que acabaria totalmente invertendo a ordem da natureza. Mas cada uma dessas variações tem seus limites além dos quais ele não pode passar.” (Steele, Nova Astronomia descritiva. p. 112). “Quem pode contemplar essa prova da beleza e da perfeição do sistema planetário, e não curva em reverência e adoração diante do Arquiteto Onisciente do Céu, dizendo: Grandes e maravilhosas as tuas obras de arte, Senhor Deus Todo-Poderoso, Tu és maravilhoso em conselho e excelente no trabalho”. (Morris, ibid, p.317)
Vemos o modelo maravilhoso no qual a terra foi posta na distância exata para receber o sol, sob todas as circunstâncias que predominam, o benigno benefício de receber os raios vivificadores e não ser queimado pelo calor inimaginável.
Esta distância vantajosa da terra do sol é vista como extremamente notável, ao refletirmos sobre o fato de que ela seja mantida, porque é aqui que a força atrativa da gravidade é exatamente empatada pela força antagônica do impulso centrífugo da terra. A força atrativa da gravidade entre a terra e o sol é dependente do tamanho e densidade (que determinam as "massas") de ambos, a terra e o sol, juntamente com a distância entre a terra e o sol. A força centrífuga da terra depende da massa da terra, sua velocidade de movimento em que giram em torno do sol, e sua distância do sol. Mude a massa de uma terra ou o sol materialmente, ou alterar a velocidade da terra materialmente, e da distância da terra do sol seria substancialmente alterado automaticamente. "A distância de um planeta do sol, outras coisas sendo iguais, determina a quantidade de luz e calor. Se, portanto, a terra e os seus ocupantes, como agora constituída, foram colocados mais perto do sol, ou muito longe dele, a mudança seria atendida com conseqüências fatais. Se fosse transferido, por exemplo, mover-se na órbita de Mercúrio, nossa luz e calor seria aumentada sete vezes, e o esplendor do brilho do sol iria extinguir a nossa visão, e a intensidade de seus raios secariam rapidamente todos os fluídos em nossos corpos. Por outro lado, fosse a terra levada a girar na órbita distante de Saturno, nossa luz e calor seriam apenas parte de um nonagésimo do que nós apreciamos agora, e os raios fracos e dispersos do sol dificilmente nos permitiria distingui-lo de uma estrela, ou melhor, antes que pudesse lançar a ponto de fazer tal observação, o frio imensurável nos transformaria em uma pedra de gelo. Vemos, então, que o nosso globo pode ter sido movido uma centena de diferentes distâncias muito perto do sol, e em mil outras distâncias muito longe dele, para ser uma morada adequada para os seus habitantes presentes. Mas vamos encontrá-lo colocado em uma órbita onde a temperatura está exatamente adaptada à constituição corporal e o grau de luz preciso aos órgãos visuais, dos seus inquilinos viventes. Para quem, então, devemos atribuir essa coincidência extraordinária, esta adaptação feliz e universal? Ao acaso? ou para a previsão da Mente Infinita? "(Morris, Ciência e a Bíblia, p. 282).
Observamos a adaptação surpreendente na aptidão das coisas que foram previstas para o homem. Leva o ar que respiramos e apenas um dos inúmeros exemplos. A atmosfera é composta de aproximadamente 21 partes de oxigênio e setenta e oito partes de nitrogênio. (A outra parte é composta de dióxido de carbono, hidrogênio, argônio, hélio, neônio, criptônio e xenônio, misturado com uma quantidade variável de vapor de água, poeira e matéria orgânica). Essas proporções de oxigênio e nitrogênio são exatamente aqueles que mais se adequa às necessidades do homem. Se a quantidade de nitrogênio foram significativamente aumentada, todas as funções do corpo humano seria realizada com tanta dificuldade e dor a ser interposto, eventualmente, a uma paralisação. Se a proporção do oxigênio fosse aumentado consideravelmente, todos os processos da vida iriam se acelerar a um ritmo febril que os corpos de todos os homens e os animais em breve seriam queimados. Algumas outras proporções desses gases seriam transformados pelo calor para venenos mortais. De fato, fora uma centena de proporções possíveis de oxigênio e nitrogênio, temos a única perfeitamente adaptada às necessidades do homem e animais.
Não é inoportuno salientar ainda as disposições que foram feitas para manter as proporções, em circunstâncias normais, sem variação perceptível. Quando os homens e os animais respiram tomam grande parte do oxigênio do ar e devolvem o nitrogênio. Além disso, a pequena quantidade de oxigênio que é exalada por homens e animais é combinado com carbono para formar o dióxido de carbono, que é imprópria para a respiração. Muito dióxido de carbono também são despejadas na atmosfera pelos processos de combustão e decomposição. Mas o equilíbrio é mantido. O nitrogênio é mais leve que o ar. Conseqüentemente, quando ele é exalado, ele sobe; para nunca mais voltar até que ele seja mais uma vez misturado com a proporção adequada de oxigênio. O dióxido de carbono é mais pesado que o ar e, portanto, se estabelece, de modo a tornar-se disponível para a vegetação, o que retira o carbono para sustentar seu crescimento e retorna a maior parte do oxigênio no ar. Também as folhas das plantas, sob a influência da luz do sol, libertam um suprimento extra de oxigênio. Assim, por um sistema bem ajustado de compensação, o ar que respiramos é mantido adequado para sustentar a vida. Não há explicação natural deste, já que o nitrogênio e oxigênio na atmosfera não entram em um composto, mas continuam livres.
Tudo isso evidencia um Criador Inteligente. É suficiente para convencer a todos, exceto aqueles que são deliberadamente cegos. Poderíamos, assim acreditar que é só por acidente que os rios nos países civilizados sempre correm pelas cidades quanto de acreditar que a ordem universal, desígnio, e adaptação manifestos no universo são produtos de um concurso fortuito de átomos.
(4) A Consciência Humana
Para fins práticos, a consciência pode ser definida como a faculdade ou poder humano de aprovar ou condenar suas ações numa base moral. O apóstolo Paulo, um dos maiores eruditos do seu tempo, afirmou que os pagãos, que não tinham ouvido de Deus ou de Sua lei, mostravam "a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os" (Romanos 2:15). Paulo assim afirmou de homens que não aprenderam de um padrão moral autorizado tinham um senso comum do certo e do errado. Eruditos modernos nos dizem que os povos mais rudimentares da terra têm consciência.
Não se pode dizer, portanto, que o homem tem consciência por causa dos ensinos morais que ele recebeu. Não se pode duvidar que a instrução moral aguça a consciência e faz sua sensibilidade mais pungente; mas a presença da consciência no pagão ignorante mostra que a educação moral não produz consciência.
A consciência, então, nos informa da existência da lei. A existência da lei implica a existência de um legislador; logo a consciência humana atesta o fato da existência de Deus.
(5) A Bíblia
A referência aqui não é o testemunho da Bíblia sobre a existência de Deus. É ilógico dar autoridade Bíblica como prova da existência de Deus, porque a autoridade Bíblica implica a existência de Deus. Tal conduta inicia o questionamento. Mas a referência é a -

A. A natureza do conteúdo da Bíblia
Bem falado foi que a Bíblia é um livro que o homem não o podia ter escrito, se o quisesse, como não o teria escrito, se pudesse. Ela revela verdades que o homem, deixado a si mesmo nunca poderia ter descoberto. Uma discussão mais ampla deste fato virá no próximo capítulo. E, se o homem pudesse, por que escreveria ele um livro que o condena como criatura pecaminosa, falida, rebelde, merecendo a ira de Deus? É da natureza humana condenar-se assim a si mesmo?

B. A profecia cumprida
O cumprimento minucioso de dezenas de profecias do Velho Testamento está arquivado no Novo Testamento, o qual traz a evidência interna de uma história verossímil. O cumprimento da profecia evidencia um Ser Supremo que inspirou a profecia.

C. A Vida de Jesus
Aceitando o testemunho do Evangelho como possuindo as credenciais de uma história verossímil, vemos em Jesus uma vida singular. Nem a hereditariedade, nem o ambiente, as duas forças naturais na formação do caráter, podem dar conta de Sua vida. Assim temos evidência de um Ser Divino que habitou Jesus.

D. A Ressurreição de Jesus
A ressurreição de Jesus, como um fato sobrenatural e bem atestado mostra que Ele era divino. Temos assim subsequente evidência de que há um ser divino.
Prova da ressurreição de Jesus. Depois de ouvir uma conversação num trem entre dois homens que discutiam a possibilidade de ser enganado sobre a ressurreição de Jesus, W. E. Fendley, advogado de Mississippi, escreveu um artigo que foi publicado no "Western Recorder" de 9 de dezembro de 1920. Ele abordou a matéria como advogado e deu as três seguintes razões para negar a plausibilidade da sugestão que o corpo de Jesus foi roubado: (1) "Não era ocasião oportuna para roubar o corpo". O fato que três festas judaicas ocorreram no tempo da crucificação certifica que as ruas de Jerusalém estariam cheias de gente. Por essa razão o Sr. Fendley diz que não era boa ocasião para roubar-se o corpo. (2) "Havia cinco leis com pena de morte ligadas ao roubo do corpo e nenhuma delas foi imposta ou executada". As penalidades são dadas como sendo: primeira, por permitir que o selo fosse rompido; segunda, por quebrar o selo; terceira, por roubar o corpo; quarta, por permitir roubar o corpo; quinta, por dormir quando em serviço. (3) "Nego outra vez o alegado sobre o fundamento de testemunho premeditado e não premeditado." E então ele mostra como os soldados vieram do sepulcro e disseram que um anjo os enxotara de lá e que, quando peitados pelos fariseus, disseram que o corpo de Jesus fora roubado enquanto eles, soldados, dormiram.
O Sr. Fendley prossegue dando cinco pontos dos quais as pessoas devem acreditar para crer no relatório dos soldados, que são:
(1) "Devem crer que sessenta e quatro soldados romanos sob pena de morte dormiram todos de uma vez". (2) "Devem aceitar o testemunho dos dorminhocos". (3) "Devem crer que os discípulos, que estavam tão medrosos, todos de uma vez se tornaram tremendamente ousados". (4) "Outra vez, devem crer que os ladrões tiveram bastante tempo de dobrar as roupas mortuárias e colocá-las ordenadamente ao lado". (5) "Também devem crer que esses discípulos arriscariam suas vidas por um impostor defunto, quando o não fizeram por um Salvador vivo".

3. O FATO DA EXISTÊNCIA DE DEUS É ACEITO QUASE UNIVERSALMENTE
Isto se dá como a terceira razão que justifica o curso seguido por Moisés em assumir e declarar o fato da existência de Deus sem oferecer quaisquer provas. A aceitação universal pode ser ainda uma maior evidencia da existência de Deus. Os raros que negam a existência de Deus são insignificantes. "As tribos mais baixas tem consciência, temem a morte, crêem em feiticeiras, propiciam ou afugentam maus destinos. Mesmo o fetichista, que a uma pedra ou a uma árvore chama de um deus, mostra que já tem a idéia de Deus" (Strong, Teologia Sistemática, pág. 31). "A existência de Deus e a vida futura são em toda a parte reconhecidas na África" (Livingstone). O grande Plutarco resumiu tudo na seguinte citação famosa dele: "Se você passar por cima da terra, você pode encontrar cidades sem muralhas, letras, reis, casas, riqueza e dinheiro, desprovido de teatros e escolas, mas uma cidade sem templos e deuses, e onde não há uso de orações, juramentos e oráculos, nem sacrifícios para obter o bem ou evitar o mal, ninguém nunca viu.” Cícero diz bastante verdadeiramente: "O consentimento de todas as nações em algo é tido como a lei da natureza", e ele se refere às noções sobre Deus, como implantados e inata.
Os homens sentem instintivamente a existência de Deus. Por que, então, alguns a negam? É por causa de falta de evidência? Não, é somente por não lhes agradar este sentimento. Ele os perturba na sua vida pecaminosa. Portanto, conjuram argumentos que erradiquem o pensamento de Deus de suas mentes. Todo ateu e agnóstico lutam, principalmente para convencer-se. Quando eles apresentam os seus argumentos a outrem, é em parte por um desejo de prová-los e em parte em defesa própria, nunca por um sentimento que suas idéias podem ser de qualquer auxílio a outros.
Um ateu é um homem que, por amor ao pecado, entremeteu-se na sua mente e a trouxe a uma condição de guerra com o seu coração em que a mente assalta o coração e tenta arrebatar dele o sentimento de Deus. O coração contra-ataca e compele a mente a reter o pensamento de Deus. Neste prélio a mente, portanto, está constantemente procurando argumentos para usar como munição. Ao passo que descobre esses argumentos, desfere-os contra o coração com o mais alto barulho possível. Isto é porque o ateu gosta de expor seu pensamento. Está em guerra consigo mesmo e ela lhe dá confiança quando ele ouve seus canhões roncarem.
Há muitas evidências de que a mente do ateu nunca é totalmente vitoriosa sobre o seu coração. "O número de ateus verdadeiramente especulativos foram muito poucos, se algum; alguns têm afirmado corajosamente sua descrença de Deus, mas é uma questão de saber se os seus corações e bocas concordaram, pelo menos eles não foram capazes de manter sua incredulidade longa sem algumas dúvidas e medos" (Gill, Corpo da Divindade, p. 3). Shelley, que foi expulso de Oxford por ter escrito um panfleto sobre a "Necessidade do Ateísmo", tinha prazer em pensar de um “belo espírito intelectual permeando o universo." Voltaire diz-se que orou numa tempestade alpina e, ao morrer, disse: "Ó Deus, se existe um Deus - tenha piedade de mim?" Portanto podemos concluir com Calvino: "Aqueles que justamente julgam sempre concordam que há um sentimento indelével da divindade gravado sobre as mentes dos homens." Não há nenhuma explicação racional dessa "lei da natureza", exceto na hipótese de que Deus existe.
Antes de passar adiante, presume-se bem notar as fontes desta crença quase universal na existência de Deus. Há duas fontes desta crença; a saber:
(1) A Tradição.
Cronologicamente, nossa crença em Deus vem da tradição. Recebemos nossas primeiras idéias de Deus de nossos pais. Não há dúvida que isto tem sido verdade de cada sucessiva geração desde o princípio. Mas não basta a tradição para dar conta da aceitação quase universal do fato da existência de Deus. O fato que somente uns poucos repelem esta aceitação (é duvidoso que alguém sempre a rejeite completamente) mostra que há uma confirmação íntima na crença tradicional da existência de Deus. Isto aponta-nos à segunda fonte desta crença, que é:
(2) Intuição.
Logicamente, nossa crença em Deus vem da intuição. Intuição é a percepção imediata da verdade sem um processo cônscio de arrazoamento. Um fato ou verdade assim percebidos chama-se uma intuição. Intuições são "primeiras verdades", sem as quais seria impossível todo pensamento refletivo. Nossas mentes são constituídas de tal modo a envolverem estas "verdades primárias" logo que se apresentem as devidas ocasiões.

A. Prova que a crença quase universal em Deus procede logicamente da intuição e não da razão.
(a) A grande maioria dos homens nunca tentou raciocinar ao fundo do fato da existência de Deus, nem são capazes de tal raciocínio que serviria para lhes fortificar a crença na existência de Deus.
(b) A força da crença dos homens na existência de Deus não existe em proporção ao desenvolvimento das faculdades raciocinantes, como seria o caso se essa crença fosse primariamente o resultado de raciocínio.
(c) A razão não pode demonstrar cabalmente o fato da existência de Deus. Em todo o nosso raciocínio sobre a existência de Deus devemos começar com admissões intuitivas que não podemos demonstrar. Assim, quando os homens aceitam o fato da existência de Deus, aceitam mais do que a exata razão que os levaria a aceitarem.

B. A existência de Deus como "Verdade Primária".
(a) Definição. "Uma verdade primária é um conhecimento que, conquanto desenvolvido em ocasiões de observação e reflexão, delas não se deriva - um conhecimento, pelo contrário, que tem tal prioridade lógica que deve ser assumido ou suposto para se fazer qualquer observação e reflexões possíveis. Tais verdades não são, portanto, reconhecidas como primeiras em ordem de tempo; algumas delas assentam depois com um maior crescimento da mente; pela grande maioria dos homens elas nunca são conscienciosamente formuladas de modo algum. Contudo, elas constituem a presunção necessária sobre a qual descansa todo conhecimento, e a mente não tem nem a capacidade inata de envolvê-las logo que se apresentem as devidas ocasiões, mas o reconhecimento delas é inevitável logo que a mente principia a dar a si mesma conta de seu próprio conhecimento" (Strong, Teologia Sistemática, pág. 30).
(b) Prova. "Os processos do pensamento reflexivo implicam que o universo está fundado na razão e é a expressão dela" (Harris, Filosofia Básica do Teísmo). "A indução descansa sobre a presunção, como ela exige para seu fundamento, que existe uma divindade pessoal e pensante ... Ela não tem sentido ou valia a menos que assumamos que o universo está constituído de tal modo que pressuponha um Originador absoluto e incondicional de suas forças e leis ... Analisamos os diversos processos do conhecimento nos seus dados pressupostos adjacentes e achamos que o dado que se pressupõe a todos eles é o de uma inteligência auto-existente" (Porter, Intelecto Humano). "A razão pensa em Deus como existente e ela não seria razão se não pensasse em Deus como existente" (Dorner, Glaubenslehre). É por esta razão que Deus disse na Sua Palavra: "Disse o néscio no seu coração: Não há Deus." (Salmo 14:1). Só um tolo negará a existência de Deus. Alguns tolos são iletrados; alguns são educados; mas, não obstante, são tolos, porque não tem conhecimento ou ao menos não reconhecem nem mesmo o Princípio da Sabedoria, o Temor do Senhor. Veja Provérbios 1:7.

II. A EXISTÊNCIA DE DEUS NÃO É DEMONSTRÁVEL MATEMATICAMENTE, CONTUDO, É MAIS CERTA DO QUE QUALQUER CONCLUSÃO DA RAZÃO.
1. A EXISTÊNCIA DE DEUS NÃO É DEMONSTRÁVEL MATEMATICAMENTE.
A respeito de todos os argumentos a favor do fato da existência de Deus, diz Strong: "Estes argumentos são prováveis, não demonstráveis" (Teologia Sistemática, pág. 39). Lemos outra vez: "Nem pretendi que a existência, ainda a deste Ser, pode ser demonstrada como demonstramos as verdades abstratas da ciência" (Diman, Argumento Teístico, pág. 363). Strong cita Andrew Fuller como questionando "se a argumentação a favor da existência de Deus não tem mais cépticos do que crentes"; e então acrescenta: "Tanto quanto isto é verdade, é devido a uma saciedade de argumentos e à noção exagerada do que se pode esperar deles" (Teologia Sistemática, pág. 40).
2. A EXISTÊNCIA DE DEUS, CONTUDO, É MAIS CERTA DO QUE QUALQUER CONCLUSÃO DA RAZÃO.
Deixe o estudante ler novamente as citações dadas para mostrar que a existência de Deus é uma "verdade primária", uma verdade que está assumida por todos no processo da razão, "Aquele que nega a existência de Deus deve assumir, tacitamente, essa existência no seu próprio argumento, por empregar processos lógicos cuja validade descansa sobre o ato da existência de Deus" (Strong, Teologia Sistemática, pág. 33). É uma verdade axiomática que aquilo que é o fundamento de toda a razão é mais certo do que qualquer conclusão da razão. "Não podemos provar que Deus é, mas podemos mostrar que, em face de qualquer conhecimento, pensamento, razão do homem, deve o homem assumir que Deus É" (Strong, Teologia Sistemática, pág. 34).
Descartes (1596-1650) que distinguiu-se em física e revolucionou o estudo da geometria e da filosofia, talvez nunca tenha sido superado na sua declaração do caso da existência de Deus. Em seu Discurso do Método, ele escreveu o seguinte: "Finalmente, se ainda houver pessoas que não estão suficientemente convencidas da existência de Deus e da alma, pelas razões que apresentou, eu estou desejoso que eles deveriam saber que todas as outras proposições, a verdade da qual eles se consideram talvez mais seguros, como temos um corpo, e que existem estrelas e uma terra, e como tal, são menos certas, porque, embora tenhamos uma certeza moral destas coisas, que é tão forte que há uma aparência de extravagância em duvidar de sua existência, mas, ao mesmo tempo, ninguém, a menos que seu intelecto esteja prejudicada, pode negar, quando a questão diz respeito a uma certeza metafísica, que há razões suficientes para excluir toda a garantia, na observação de que durante o sono que podemos do mesmo modo nos imaginar possuidores de um outro corpo e que vemos outros astros e outra terra, quando não há nada do tipo. Pois como sabemos que os pensamentos que ocorrem no sonho são falsos e não as coisas que experimentamos quando acordados, já que o primeiro muitas vezes não são menos vivas e distintas do que o segundo? E embora os homens de grande gênio estudem esta questão como desejam, eu não acredito que eles serão capazes de dar qualquer razão que pode ser suficiente para eliminar esta dúvida, a menos que elas pressuponham a existência de Deus. Porque, em primeiro lugar, até mesmo o princípio que já tomei como regra, que todas as coisas que nós concebemos clara e distintamente são verdadeiras, é certo apenas porque Deus é ou existe, e porque Ele é um Ser Perfeito, e porque tudo o que possuímos é derivado dEle, donde resulta nossas idéias ou noções, que, na medida da sua clareza e distinção são reais, e procedem de Deus, deve, nessa medida, ser verdadeiro . . . Mas se não soubéssemos que tudo o que possuímos de real e verdadeiro procede de um ser perfeito e infinito, contudo nossas idéias devem ser claras e distintas, não deveríamos ter nenhum fundamento que representem a garantia de que eles possuíam a perfeição de ser verdade." "As pessoas mais irracionais do mundo são aquelas que no sentido estreito dependem unicamente da razão" (Strong). "A crença em Deus não é a conclusão de uma demonstração, mas a solução de um problema" (Strong); e esse problema é o problema da origem do universo. "O universo, como um grande fato, requer uma explanação racional e ... e a explanação mais racional que se pode possivelmente dar é essa fornecida na concepção de um tal Ser (como Deus). Nesta conclusão a razão descansa e recusa-se a descansar em qualquer outra" (Diman, Argumento do Teísmo). "Chegamos a uma crença científica na existência de Deus tanto como a qualquer outra verdade humana possível. Nós a assumimos como uma hipótese absolutamente necessária para dar conta do fenômeno do universo; então evidência de todos os cantos começa a convergir sobre ela, até que, no processo do tempo, o senso comum da humanidade, cultivado e iluminado pelo conhecimento sempre crescente, pronuncia-se sobre a validade da hipótese com uma voz escassamente menos decidida e universal do que ele o faz no caso de nossas mais elevadas convicções científicas" (Morell, Fragmentos Filosóficos). Logo, podemos dizer: "Deus é o fato mais certo do conhecimento objetivo" (Bowne, Metafísica).
III. A EXISTÊNCIA DE DEUS, PORTANTO, PODE SER TOMADA POR CONCEDIDA E PROCLAMADA OUSADAMENTE.
Os fatos precitados deveriam fazer o pregador ousado na sua proclamação do fato da existência de Deus, não temendo de proclamá-la confiadamente aos profanos. Estamos sobre terreno seguro em proclamar esta verdade. Nenhum homem pode logradamente contrariar nossa mensagem. Há vezes, talvez, quando o pregador no púlpito deveria discutir as evidências da existência de Deus; todavia, como uma coisa usual, ele deveria assumi-la e declará-la como Moisés fez. E quando ele trata das evidências da existência de Deus, que ele não as sobrecarregue de modo a deixar a impressão que a validade do fato da existência de Deus depende de uma rigorosa demonstração racional.

Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
Revisão da tradução e gramatical: Viviane Sena 2010
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br